COLUNISTA
Palmeira das Missões: Muito além de 149 anos
   

Por Instituto Palmeirense de História.
06/05/2023 11h01

Há quem não comemore datas cívicas. E, as razões, segundo alguns, são muitas. Outros comemoram, e as razões também são muitas. E, dentre estas muitas razões, uma se destaca: comemorar coletivamente é preservar a memória social; é preservar a memória que cada um de nós, ao lado dos demais membros de nossa comunidade construímos e com a qual nos identificamos, e que fornece os referenciais de nossa identidade social e cultural. Comemorar é assim, identificar, e preservar valores coletivos, tanto quanto criar ou substituir valores sociais, indicando o que deve ser preservado e o que deve ser superado.

Palmeira das Missões ao aproximar-se de mais um 6 de maio, evoca 149 anos de história enquanto município. Emancipada da Vila do Espírito Santo da Cruz Alta em 1874, a antiga Vila de Santo Antônio da Palmeira tem ainda uma história ancestral, anterior à emancipação, principiada com a Vilinha por volta de 1824; e uma história ainda mais antiga, ligada aos habitantes indígenas do território; aos jesuítas e missioneiros que aqui vinham colher e fabricar erva-mate; aos tropeiros e militares paulistas que aqui passaram e aqui se enraizaram; ligada aos viajantes e estudiosos que por aqui passaram; aos imigrantes que fizeram da terra sua querência, fazendo-a ganhar as feições que hoje exibe.

Infelizmente, nem todos os períodos da história de Palmeira das Missões são bem documentados. Há pouco, ou nada sobre o período anterior à fundação de Cruz Alta e ao primeiro Código de Posturas deste município, que em 1834 designou o imenso território no qual estava a Vilinha, como o 6º Distrito, denominado de Erval da Palmeira. Antes dessa data, então, as informações são raras e esparsas, advindo, sobretudo de relatórios e mapas jesuíticos, os quais identificaram já no século XVII, acidentes geográficos, rios e ervais do território no qual viria a florescer Palmeira das Missões.

Assim, a ancestral história da Palmeira das Missões recua para além de 1874. Essa historicidade possui mais tempo, mais personagens e eventos e, fundamentalmente, muito mais mãos que a viveram e a escreveram, e que nem sempre são vistas ou ouvidas.

Os vestígios do passado acessíveis hoje permitem um vislumbre da longa cadeia de eventos que dão as cores da história local. E, entre estes vestígios ganha destaque a evolução da denominação desta terra, presente em diversos documentos públicos e privados, a qual entre Vilinha e Palmeira das Missões, ostentou diversos outras, muitas vezes de modo cíclico. Ainda que parcial, pois tem início apenas no século XVI, esta relação nos auxiliar a compreender melhor a história para além dos 149 anos de Palmeira das Missões.

1575-1768: A região de viria ser Palmeira das Missões insere-se no território dos "Yerbales des Missions Orientales", mapa de VICTOR MARTIN DE MOUSSY;

1824 : Vilinha.

1834: Erval da Palmeira (5º Distrito da Vila de Cruz Alta);

1835: Palmeira (5º Distrito da Vila de Cruz Alta);

1857: Vilinha (Distrito de Cruz Alta);

1857: Freguesia de Santo Antônio da Palmeira;

1858: Palmeira (3º Distrito da Vila de Cruz Alta);

1858: Vilinha da Palmeira (Distrito de Cruz Alta);

1860: Vilinha (Distrito da Vila de Cruz Alta);

1860: Vilinha da Palmeira (Distrito de Cruz Alta);

1860: Vilinha Palmeira (Distrito de Cruz Alta);

1862: Freguesia de Santo Antônio da Palmeira (Distrito de Cruz Alta);

1872: Santo Antônio da Palmeira (Distrito de Cruz Alta);

1874: Vila de Santo Antônio da Palmeira (Lei Provincial, 06 de maio de 1874);

1889: Palmeira;

1890: Santo Antônio da Palmeira;

1900: Palmeira;

1944: Palmeira das Missões.

Todas as sociedades possuem seus valores. E, todas as sociedades possuem suas efemérides, nas quais, mais do que datas, comemoram-se aqueles valores e seu significado na vida das pessoas, estas que são (ou deveriam ser), indiscutivelmente, o maior valor de qualquer sociedade ou cidade.

Por isso, cabe a cada um e a todos, descobrir o que significam para nós mesmos e para nossa comunidade estas efemérides e os valores cultivados em sociedade e, por fim, lutarmos por aquilo que desejamos comemorar nos anos vindouros de nossa cidade.


   

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