COLUNISTA
A Palmeira e o chimarrão
   
Erva-mate e chimarrão. São os elementos que dão forma e sentido às tradições de Palmeira das Missões e à história da “Grande Palmeira”.

Por IPH - INSTITUTO PALMEIRENSE DE HISTÓRIA.
14/03/2024 14h45

Quando voltamos nosso olhar para os tempos antigos, não procuramos simplesmente encontrar o nosso passado. Procuramos, sim, encontrar a nossa origem e a origem de nossa comunidade. Procuramos encontrar as raízes de nossas história e tradição, e o tronco do qual brotam os símbolos da identidade e da cultura identidade de Palmeira das Missões.

Toda nossa cultura tem como raízes os fatos relevantes de nossa história, a qual é repleta de revoluções, confrontos e luta pela terra e pelo domínio político. Mas, apesar disso, é a erva-mate a nossa raiz mais emblemática e mais antiga. Essa relação é tão intensa que hoje, quando se fala em erva-mate em qualquer parte dos Rio Grande do Sul, os caminhos que levam aos ervais são muitos, pois em muitos locais hoje é cultivada. Mas, quando falamos na história ancestral da erva-mate, todos os caminhos levam a Palmeira das Missões.

Assim, a erva-mate surge como elemento central de nossa história, desde a época jesuítica e até mesmo antes, quando o território era ocupado pelas cultuas ameríndias. E, o chimarrão, logo é alçado como hábito social e símbolo cultural, como um coração vibrante, cuja seiva alimentou o passado, alimenta o presente e alimentará o futuro.

A erva-mate em nossa querência ainda é o “ouro verde”. E por seu valor econômico no passado, foi o motivo inicial da exploração do território palmeirense, o qual está inserido no coração da principal zona ervateira do Rio Grande do Sul nos séculos passados. Inicialmente foram os índios missioneiros, orientados pelos padres jesuítas, os primeiros exploradores dos ervais da região. A Carta Anua do Padre Pedro Romero, de 1633 noticiava a existência de extremados ervais nativos nos bosques do rio Nhucorá no Alto Uruguai, região do “município de Palmeira, o mais notável celeiro da erva rio-grandense" (PORTO, Aurélio. História das Missões Orientais, 1954).

Mesmo após o período missioneiro, a erva-mate continuou exercendo sua influência na ocupação e colonização da região da “Grande Palmeira” ao longo do século XIX e seguintes.

Os pioneiros embrenhavam-se nas matas em busca da erva-mate, erguendo carijos e produzindo erva, que era comercializada na Vilinha que se formava onde hoje está a Praça Paulo Ardenghi e o Obelisco do Centenário. É por essa forte ligação que Palmeira foi considerada por Mozart Pereira Soares como sendo “filha da erva-mate”, tendo começado sua história com um rancheiro de capim no qual as caravanas vindas de Cruz Alta se abasteciam do ‘ouro verde das matas’.

Todos os anos, a comunidade palmeirense, reunida pelo Carijo da Canção Gaúcha, renova seu compromisso com sua origem e, assim, revive a promessa – nunca quebrada – de culto à memória dos pioneiros, e do seu esforço que transformava o “ouro-verde”, em “amargo-doce”, essência de todo o Rio Grande do Sul de hoje.

Erva-mate e chimarrão. São os elementos que dão forma e sentido às tradições de Palmeira das Missões e à história da “Grande Palmeira”.


   

  

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