RIO GRANDE DO SUL |
PALMEIRA DAS MISSÕES, 1923 – 2023: Centenário de um ano definitivo na história gaúcha |
1923, ano de guerra civil. Ano do anúncio do fim do castilhismo/borgismo, no poder estadual há mais de 30 anos. Para alguns, a última refrega entre os velhos ‘caudilhos’. E a Palmeira, do princípio ao fim, no centro dos acontecimentos. Palco de episódios decisivos e de personagens, ainda hoje, cantadas em verso e prosa. E de outras um tanto esquecidas, mas que, aos poucos, começam a ter suas biografias e trajetórias resgatadas.
Este tema, que sempre se impôs, também sempre teve a atenção dos historiadores, professores, estudiosos ou, simplesmente, curiosos. Cito, inicialmente, duas referências históricas: o saudoso professor Mozart Pereira Soares, e sua extensa produção acadêmica, literária e historiográfica; e Silvio Oliveira, com “Vilinha da Palmeira”, uma rica coletânea de causos e crônicas, inclusive com episódios da Revolta de 23. Livro este, diga-se de passagem, a merecer uma reedição.
A Palmeira das Missões de hoje, de igual sorte, possui, de algum tempo, um conceituado time de historiadores e pesquisadores. Time que não para de dar frutos. Nos últimos meses, para exemplificar, tive contato com a pesquisa e produção de três deles: Jaqueline Brizola, Áxsel Batistella de Oliveira e Rodrigo Lavallos Dal Forno.
Voltando a 1923.
O Centenário da Revolução de 1923 não deve passar em brancas nuvens.
É preciso organizar seminários, debates, palestras, etc. Falar sobre. É importante frisar que existe um aporte historiográfico considerável à disposição, que pode facilitar e qualificar as eventuais atividades a serem desenvolvidas. Além das obras dos escritores antes referidos, pesquisas e estudos de outros autores palmeirenses poderiam ser utilizados como referencial teórico. Cito dois, num mar de possibilidades: O estudo da professora Lourdes Grolli Ardenghi, do seu livro “Caboclos, ervateiros e coronéis – luta e resistência no norte do Rio Grande do Sul”; e, no mesmo contexto, mas focando a biografia de Leonel Rocha, o Trabalho de Conclusão de Curso de Rodrigo Dal Forno, “Quem não é revolucionário nesta terra de tirania?: O bandoleiro Leonel Rocha e a Revolução de 1923 no norte do Rio Grande do Sul”.
Não é a intenção, como curioso, tratar neste texto dos fatos da Revolta de 1923. Mas é o centenário, por exemplo, do evento de 04 de junho daquele ano, quando tombaram, entre outros, os “maragatinhos”. Além dos acontecimentos, há um rol considerável de figuras históricas a merecer atenção, como os dois principais líderes da Revolta em Palmeira das Missões: Valzumiro Dutra, talvez o personagem, na região, a emergir com mais força daqueles acontecimentos, principal representante do borgismo na grande Palmeira; e Leonel Rocha, o “General-Caudilho a pé”, no contraponto, líder da oposição na região da Palmeira daqueles tempos conturbados.
Portanto, e por fim, a proposta é pensar, desde já, o que fazer com a possibilidade que se apresenta plena de alternativas. A provocação é para o Poder Público (que provavelmente já deva estar lidando com alguma coisa), para as Universidades e Escolas, para os órgãos de imprensa, para os professores e historiadores, mas também é para todos os palmeirenses. Não se pode olvidar história tão profícua, e ainda necessária. Deixo aqui meu agradecimento ao Instituto Palmeirense de História, pelo espaço e oportunidade.
Grande abraço! Carlos Vilarinho – advogado e poeta.
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