O Pé-no-Chão de Palmeira na Revolução de São Paulo
Por: Henrique Lima. Edição impressa de 25-03-2022.

Por Jornal A Madrugada.
24/03/2022 20h17

Em 1932 o cenário político brasileiro passava por um momento conturbado: a Revolução Constitucionalista, também chamada de Revolução Paulista.

Desde o fim da "Política do Café com Leite" em 1930, ocasião em que Getúlio Vargas assumiu a presidência da República, algumas autoridades do Estado de São Paulo alimentavam certo ressentimento pelo fim de deu domínio sobre a política nacional. Assim, com ânimos acirrados pela disputa política, São Paulo entrou em Guerra contra o Governo de Getúlio Vargas.

De um lado, então, ficou o Governo Federal chefiado por Getúlio Vargas, o qual mobiliou o exército, auxiliado por diversas forças policiais estaduais. Do outro lado ficou São Paulo, que recebeu limitado apoio de algumas forças políticas de alguns estados. Nesta Revolução, o Governo Federal dizia que lutava pela ordem e pela legalidade, enquanto que os revolucionários diziam que lutavam por uma nova Constituição para o Brasil.

Em apoio ao governo de Vargas, as polícias estaduais de diversos estados se dirigiram para São Paulo. Mas não apenas as polícias estaduais foram para lá: também foram mobilizados diversos soldados voluntários e provisórios.

O Rio Grande do Sul enviou para São Paulo, a Brigada Militar, heróica e experimentada corporação. Mas não apenas esta foi enviada para o teatro das batalhas onde a metralhadora e os bombardeios aéreos davam o ritmo dos combates. Também foram mobilizados diversos “Corpos Provisórios”.

Os "Corpos Provisórios" eram compostos por cidadãos em sua maioria sem formação militar, mas imbuídos de forte sentimento de dever cívico. Dentre estas forças auxiliares, também chamadas de provisórias, ganhou destaque na Revolução de 1932 o 3º Corpo Auxiliar da Brigada Militar Rio-Grandense, criado em 1932 e sediado em Palmeira das Missões e que, no teatro das batalhas, cunhou o honroso epíteto de "Pé-no-Chão", por lutarem com os pés descalços por opção e, também, por brandirem seus "facões" frentes as metralhadoras revolucionárias.

O 3º Corpo Provisório de Palmeira foi criado por Decreto do Interventor estadual Flores da Cunha em junho de 1932, o qual seria composto por 500 combatentes da terra.

Transcrição do Decreto de criação do 3º Corpo Auxiliar de Palmeira:

Decreto n. 5.011, de 11 de julho de 1932.

Cria um corpo provisório da Brigada Militar.

O Interventor Federal no Estado do Rio Grande do Sul, de conformidade com a Constituição, art. 20, n. 10, DECRETA:

At. 1º.  – Fica criado na Brigada Militar, a contar de 10 do corrente, um corpo provisório com a numeração de 3º e sede n município de Palmeira.

Art. 2º. – O corpo acima terá o efetivo de 5 homens, conforme a discriminação do quadro anexo.

Façam-se as devidas comunicações.

Palácio do Governo, em Porto Alegre, 11 de julho de 1932.

José Antônio Flores da Cunha.

Eduardo Marques, respondendo pelo expediente da Secretaria do Interior.

menu
menu